23 de jul. de 2008

E o Se...

Se o amor me visitasse, e antes me desse um telefonema, mandasse uma carta, aviso qualquer, eu ajeitaria tudo.

Limparia a casa. Incensaria o quarto. Compraria flores. Mudaria a roupa de cama. Ajeitaria meus livros. Desempoeirava tudo.

Se o amor me visitasse sem avisar, eu abriria os braços e num sorriso diria, entra, entra, fica a vontade, tá tudo bagunçado, mas seja bem vindo. Não repare, sou bagunceira, desorganizada. Há sacos plásticos fora do lugar, roupas ali no canto, livros do lado da cama, mas se não repare. É bom que não se iludas, sou bagunceira e espaçosa, mas tenho espaço para você. Entra, quer uma água.

E daria o meu copo mais bonito. Daria a água mais fresca.

Se o amor me visitasse, deixaria minha pele mais macia ainda. Mas se não soubesse de sua chegada, não temeria, meu cheiro é bom. Sempre meu. Sempre esperando sua chegada.

Se o amor me visitasse eu contaria das coisas que vi, do que quero ver. Deitaria sua cabeça em meu colo, enquanto descobriria os traços do seu rosto.

Se o amor me visitasse, mostraria meus seios. Perguntaria, gostas de mim? Saberia a resposta, pergunta de capricho. Eu te alimentaria com meus sorrisos e diria que meu corpo seria sempre propriedade dos seus braços.

Se o amor me visitasse, escreveria cartas de amor. Guardaria em caixinhas. Acenderia velas. Cantaria canções tantas enquanto brincasse com seus cabelos.

Se o amor me visitasse, eu daria férias ao medo, a insegurança. Mandaria a falta de coragem viajar.

Seria entregue e imprudente. Como pedisse o amor. Como sonham os amantes.

Gabrielle Costa

13 de jul. de 2008

Cansei.

"...Na verdade, eu acho que já me cansei do mundo ao meu redor. Cansei das pessoas, elas são muito cansativas mesmo. Devo então, ter desistido de mim...

Eu me auto-destruo sozinha, todos os dias. Sei disso quando vejo mais um copo vazio, mais um cigarro queimando, mais uma carreira acabada. A felicidade que eu pensei que existia, foi embora junto com você na ultima terça-feira que te vi. Foi embora com você, quando você decidiu ir. E eu não sei se isso é bom. No estado mental confuso que me encontro, eu não sei mais quem sou e quem fui. Eu não sei... Já estou tão cansada de estar aqui. Todas as promessas, as velhas flores jogadas encima da mesa. As palavras, as velhas e murchas flores... Elas ainda estão aqui.

São tantas pessoas do meu lado agora, eu falo com todas elas. Mas nunca me senti tão sozinha. E na madrugada, penso no que poderia ter feito antes e no que ainda está por vir. Mas eu estou sozinha e em outra estação. E voltar atrás é um caminho muito longo, prefiro ficar assim. Eu não sei se vivo ou se só existo. Acostumei com a ausência das pessoas, assim como hoje posso entender que a única coisa errada nisso tudo está no valor que damos demais aos outros... E nunca somos retribuídos da mesma forma..."

Já estou tão cheia, de me sentir tão vazia...

Gabrielle Costa

2 de jul. de 2008

Doeu, mas eu quis.

(E quando eu percebi que ir embora era fisicamente impossível, procurei meu lugar pelo quarto, e aceitei o que viria depois)

Você não merece. Não merece meu jeito, meu gosto, meu tato, meu amor, minha falação desesperada, meu espernear pela casa, meus bicos, minhas sobrancelhas franzidas por pouca coisa (por quase nada) e nem meus passos barulhentos pelo chão da sua casa. Não merece que eu atrapalhe seus vizinhos, sua vida, e suas coisas e nem minha quietude voluntária, meu jeito próprio de respeitar seus barulhentos silêncios. Você não merece meus fins de semana, meus dias normais, minhas horas, meus minutos gastos, minha maquiagem barata que não esconde o quanto eu sorrio pra você (de olheira a olheira). Você não merece, mas eu te amo como um bezerro. Não merece o quanto me fez uma pessoa melhor, não merece as mudanças na minha vida, os livros tirados do chão na esperança de que de repente você chegue (quando sou sempre eu que vou) e esse meu ir sempre assim tão de bom grado, tão feliz, tão plena, tão completamente sua e não merece, esse ter me tornado tão pouco do resto das coisas.
Mas aí você vira para o lado, e reclama do mau tempo, do ar condicionado, do trânsito, do Rio, da vida e de mim, e depois abre seus braços em que cabem o mundo e eu fico tão pequena, que você merece tudo.
E passa a merecer o tanto que eu tinha guardado e que ninguém nunca via.
E eu então mereço seu sorriso, seus braços, seu jeito, seu silêncio, suas reclamações e (seu adorável) mau humor matinal e seu conceito de tempo, de vida, de amor, e por causa disso tudo, eu não quero mais amor nenhum.
Não sei se posso chamar disso e mesmo que a gente, ou isso que eu sinto não tenha nome, eu prefiro.
É tão novo, tão bom, tão pleno e é seu.
O amor se fez possível, e que chegue.
Será merecido. E bem vindo.

- Texto escrito por mim (fato! ¬¬) pensando em ex-amor, um ex-retardado.... ops namorado.