22 de ago. de 2008

Ultimamente.

Ultimamente eu tenho andado com gente muito egocêntrica, pela metade e indocil.
Ultimamente eu não tenho tido muito saco para aturá-las.
Gente estupida, pseudo-pespicazes defendendo suas unicas boas ideias.
Ultimamente eu tenho sido a Doroth com os parceiros errados.
Ultimamente eu tenho matado um leão tedioso por dia.
Ultimamente eu tenho buscado todos os dias algo significativo para me importar.
Ultimamente eu não tenho encontrado, nem visto estrelas.
Ultimamente eu sinto raiva, ultimamente suporto.
Ultimamente andando em riste, quem categoria é cavalo e grã fino.
Ultimamente se faz tão derrepente, ultimamente é hoje.
Ultimamente eu não sei onde é o meu quarto.
Ultimamente você olhou o meu sapato novo? o meu estilo, será que você consegue ter um?
Ultimamente eu tenho tentado me dar bem com as pessoas, me envolvendo em certos comboios, indo a festas, ficando no ponto.
Você consegue sentir a solidão envolvida nisso, como num pano envolto?
Ultimamente eu tenho dedicado todo amor que eu ponho em cartaz a mim mesmo.
Ultimamente eu tenho sido tão fraca, ultimamente eu enfio tão forte.
Ultimamente eu não tô em condições de recusar carinhos de quem quer que seja, e como a Leila Diniz; Carinho eu quero até de macaco.
Ultimamente eu me esgueirava na convicção de que o ano passado foi uma bosta, de que as coisas são dificeis e que eu não preciso usar meus "superpoderes" para piora-las.
Rezando para não perder mais nada, e engolir a seco a fanfarrice do destino, que eu sei, come a solidão. É ser uma mulher chamada Tereza, é não dar a mínima para todos os ramos extorsivos e para o eterno flagrante de ser feliz, na mão e na cabeça.

Ano passado eu perdi muita coisa. Perdi meu champanhe, perdi viagens - lunáticas ou não, perdi um namorado, perdi minha suposta meia hora de felicidade porque estava envelhecendo depressa e ficando muito esperta.

Eu lembro quando ela me disse que eu era um cometa, na verdade ele me disse que eu era como um cometa, pareço uma babaca, como naquela epóca, ou como há dois dias atrás, em que passei costipada e pensei em te gritar, chutando o balde, dando vexame, caindo no chão de bêbada, a mesma marca, a mesma zorra, o mesmo astral cósmico e lenga-lenga eu transpiro ao próximo, pelo menos depois da quinta dose. É que eu fico muito amável quando estou bêbado, é porque bebida é como solvente, ópio.

Com a ultima cartada (eu que sou o coringa e estou por fora de toda essa jogada de pessoas do mesmo naipe), eu perdi meu meio termo e achei minha solidão.

Minha solidão na rua, como se fosse tua, como se fosse você.

Todo mundo se apaixona por estupidez mesmo, não é para dividir conta, cama, fazer sexo três vezes por semana, nem repartir solidão não, nem mesmo por simplesmente ser feliz.
É só por estupidez e capricho, é porque ficar sozinho para os demais é se dar mal, é ta na fossa, lambendo tapete e não um pescoço, está sozinho para os que estão fora do gênero é o fracasso de uma ordem natural, porque ficar sozinho só é bom de vez em quando.

O amor é uma estréia, o amor pode ser o primeiro cigarro de um maço, o amor não é uma ciência, sofrer de amor é como uma doença, e não é a toa que ele tem o mesmo sintoma da malária, e a malária pega.

Naquele ano de perda, eu quase perdi um amigo, quase perdi um pé.
Perdi orgasmos fenômenais com aquele que me quer.
Perdi, e foi feio, a noção de saber o exato momento de me retirar.
Perdi a fé e perdi você junto com os meus poemas, aqueles que eu não rasguei, que sumiu com toda minha coragem.

Eu perdi um ano que parou no meio, e que se esqueceu de mim.
A porra da questão é que a gente sempre acha que não vai conseguir sobreviver depois de uma grande perda.
A vida caminha em questão de sentimentos, e é preciso ficar atenta. Antes eu apenas sofria, agora eu sou o sentimento mais solitário do mundo.
Eu tenho um monte de amigos de câncer, úlcera e aquário, e em estados assim, de ardor ao urinar e cuspe de sangue verbal, é como um corpo inerte ao léo das ondas do mar, e a cada hora a onda leva e trás um pouco de sí.
Como numa familia de um pai amoroso e conquistador, de uma mãe traidora e saliente, (temperamental a conta gotas), um cão a latir e a lamber o cu, e uma uva virando passas... Só eu poderia imaginar o quanto minha mãe chora no ombro da vizinha que também não é feliz.

Entre um cigarro e outro?